Rio. O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro estacionou no terceiro trimestre, com crescimento zero em relação ao segundo, na série livre de influências sazonais. Houve desaceleração generalizada de atividades e setores. Como esperado, a indústria teve queda, e a surpresa ficou por conta do recuo dos serviços e da desaceleração do consumo das famílias.
Com isso, para diversos analistas, ficou bem difícil o PIB crescer 3% em 2011. Alguns deles já acham difícil chegar a 3% também em 2012.
"Dificilmente o PIB cresce 3% este ano, deve ficar mais perto de 2,8%", projeta Bráulio Borges, economista-chefe da consultoria LCA. Outras instituições que preveem ou consideram que ficou mais provável um PIB abaixo de 3% em 2011 são o Itaú-BBA, a consultoria MB Associados e as gestoras de recursos Opus e JGP, no Rio.
Em relação a igual período de 2010, o PIB do terceiro trimestre cresceu 2,1%, o pior resultado desde a queda de 1,5% no terceiro trimestre de 2009, em plena crise global. O mau desempenho do PIB no terceiro trimestre atingiu quase todos os setores e subsetores, com poucas exceções.
Setores e investimentos
A desaceleração foi puxada pela indústria, e já atingiu o consumo das famílias, quem tem sido um suporte da economia brasileira nos últimos anos. Os investimentos também caíram ante o segundo trimestre. Segundo os analistas, a alta da Selic (taxa básica de juros) e as medidas de contenção de crédito desde o fim de 2010 aliaram-se ao impacto recente da crise internacional para provocar a parada brusca da economia. Na comparação com o período de abril a junho, na série dessazonalizada, a indústria recuou 0,9% e os serviços caíram 0,3% no terceiro trimestre.
Agropecuária
A agropecuária, porém, cresceu substanciais 3,4%, impulsionada pelo bom desempenho de mandioca, feijão e laranja.
O pior desempenho de todos subsetores do PIB foi o da indústria da transformação, que caiu 1,4% ante o segundo trimestre, na série dessazonalizada.
Serviços ligados à indústria também foram afetados, com o comércio recuando 1% e transportes e armazenagem crescendo só 0,2%. Na indústria da transformação, houve queda em produtos como automóveis, prejudicados pelos altos estoques (e com férias coletivas em algumas montadoras no terceiro trimestre), e têxteis, vestuários e calçados, que vêm perdendo competitividade em função do câmbio valorizado e da competição asiática. A indústria extrativa mineral e de serviços de utilidade pública tiveram melhor desempenho, crescendo respectivamente 0,9% e 0,8% ante o segundo trimestre. No primeiro caso, com ajuda de programas como o Luz para Todos, e, no segundo, do minério de ferro. Nos serviços, o destaque foi para intermediação financeira e também a previdência complementar, com alta de 1,7% ante o segundo trimestre, na série dessazonalizada.
FLEXIBILIZAÇÃO DO CRÉDITO
Mantega: novas medidas de estímulo
Ministro admite que crescimento em 2011 será menor que o esperado, mas diz que tudo está sob controle
Brasília. O governo vai adotar novas medidas para estimular as operações de empréstimo, informou ontem o ministro da Fazenda, Guido Mantega, ao comentar o crescimento zero registrado pelo Produto Interno Bruto (PIB) no terceiro trimestre deste ano. "No momento, não há medidas que o governo pense em tomar, mas vamos seguir na flexibilização do crédito", adiantou. O objetivo, acrescentou, é barateá-lo.
Ele atribuiu o resultado fraco do PIB à crise externa e às medidas adotadas pelo Executivo para desaquecer a economia e assim controlar a inflação. Elas teriam atingido seu auge no terceiro trimestre. "Parte da desaceleração foi provocada pelo próprio governo", reconheceu o ministro. Justamente por isso, ele acredita que há condições de reverter o quadro. "Temos o controle da situação", garantiu.
Situação passageira
O ministro disse ainda que a desaceleração da economia brasileira é "passageira" e que o PIB (Produto Interno Bruto) voltará a crescer no quarto trimestre. "Diferente de outros países cujo crescimento cai fundamentalmente pela falta de mercado e por causa da crise, nós aqui temos a possibilidade da aceleração do crescimento", afirmou.
Assim, medidas já tomadas pelo governo como os cortes nas taxas de juros, as desonerações de eletrodomésticos e massas, a redução da tributação sobre as operações de crédito já estariam, segundo o ministro, produzindo um quarto trimestre melhor que o terceiro.
Expectativa para 2012
E, com um impulso maior dos investimentos públicos e privados, seria possível atingir uma taxa de crescimento entre 4% e 5% no ano que vem. O desmonte, explicou ele, se dará nas medidas de caráter monetário. Não estão no radar medidas de estímulo fiscal nos moldes das adotadas em 2009, exceto pelas desonerações anunciadas na semana passada.
Em 2011, admitiu Mantega, a expansão do PIB será menor do que os 3,8% projetados pelo governo. "Esse número é inalcançável", reconheceu. Ele não deu novas estimativas, mas disse que o resultado do ano tende a ser mais próximo dos 3,2% de crescimento acumulado nos três primeiros trimestres.
Ranking dos Brics
O Brasil teve o pior resultado entre os Brics, incluindo a África do Sul, para a expansão do PIB no terceiro trimestre, ante igual período de 2010. Enquanto a economia brasileira se expandiu 2,1%, a China teve alta de 9,1%, a Índia teve aumento de 6,9%, a Rússia se expandiu 4,8%, e a África do Sul registrou crescimento de 3,1%.
Fonte:Diário do Nordeste
Nenhum comentário:
Postar um comentário