Ads 468x60px

04/12/2011

Juventude

por Pedro Ferreira
(Vice-Presidente da Direcção da Associação Juvenil COI)


Juventude, uma organização própria.


Quando se pensa na juventude, é incontornável pensar na cultura juvenil e nos seus modos de vida.


O lazer, a moda e os gostos, suscitam o aparecimento de diversos grupos e personalidades, potenciando o desenvolvimento de futuros adultos mais confiantes, mas também de sub-culturas de rejeição. É como se fosse um flash do que pode ser o futuro de cada um.

Nesse sentido, a escola é um cenário central, até, porque é neste espaço que começa o início da vida social. É também aqui que os jovens muitas vezes deixam de se sentir “estrangeiros”, por vezes apenas porque é na escola que se fala a sua “língua”.

Da escola para o espaço público, saltam os grupos, as tribos, os grupos de inclusão, formando-se uma cultura juvenil. As culturas juvenis não são apenas “culturas de resistência”, são formas de reivindicação de uma existência nem sempre objecto de reconhecimento social.

Estas culturas juvenis têm sobretudo a ver com uma reivindicação de autonomia, que cada vez mais é transportada para os media e para as novas tecnologias.

Mas há também na escola e no espaço público, estruturas de organização e reivindicação centenárias que não podemos esquecer e que se relacionam com o movimento associativo. Muitas vezes estes movimentos acabam por revelar a importâncias dos grupos de pertença, das redes de sociabilidade e do projecto pessoal e identitário de cada jovem.

A associação acaba por se constituir como um laboratório de análise interaccional, em que os indíviduos se influenciam reciprocamente e em que não só a pertença à associação acaba por influenciar a identidade dos indivíduos, como a própria identidade da associação é profundamente marcada pelos seus membros.

Este movimento associativo acaba por ser um amplificador das chamadas identidades em rede, ou seja, potenciam a construção de identidades comuns com características dos vários emissores e receptores, a mensagem é sempre partilhada por mais do que um indivíduo.

Ser Jovem é ter um capital temporal, carregando consigo de forma muito particular, a promessa, a esperança e um espectro de opções, normalmente mais vasto.

Os Jovens estão descontentes com a incógnita em volta do seu futuro e com a maneira como a política se desenvolve, envolta em formalismo e em suposta desonestidade. Basta-nos ligar a TV, para ficarmos perplexos sobre o número de notícias que são difundidas sobre o desemprego entre os jovens, a corrupção no estado, e a promiscuidade entre a “classe” política. Realidade? Irrealidade? Irresponsabilidade dos media ou somente notícia da actualidade?

O velho e aparente padrão de mais consumo, mais dividendos, maior carreira, está-se a partir e a ser substituído por uma série de novas prioridades, que normalmente são difíceis de decifrar, mas em que factores imateriais como a qualidade de vida têm grande significado. Valoriza-se agora o viver sozinho, a mobilidade, as minorias, parecemos estar numa sociedade “romântica” onde quem é valorizado é o cavaleiro solitário. Mas será que é isto que os jovens querem, ou será que é a isto que são obrigados?

A emancipação familiar, jurídica, política e outras, não só não coincide, como flutua de acordo com as estratégias globais da sociedade. O Jovem não quer ser um peão de um tabuleiro que não controla, e ao contestar a forma como os líderes dão cada passo no jogo, revelam-se uma pedra no sapato, um alvo a abater pelos estabelecidos.

Será talvez por isto, que a juventude está claramente associada a problemáticas sociais de natureza diversa e representada como uma geração potenciadora de riscos, perigos e ameaças para a estrutura social. Talvez por isto se fale tanto em delinquência.

Há também ainda as questões da metamorfose, ou seja, a capacidade de inserção e desinserção num dado contexto. Como percebemos atrás, a fragmentação estimula a diversidade, mas corre-se o risco, do novo jovem ser um espelho de várias realidades, preso num modus vivendi, sem se conseguir encontrar. Há o problema de se perder o jovem que nas últimas décadas, teve um papel importante no que respeita à mudança social, um jovem que se revelou um elo importante na cadeira da reprodução cultural e social.

Ser jovem, actualmente, parece ser bem mais complexo, do que alguma vez foi…

Nenhum comentário:

Postar um comentário